publicado dia 3 de abril de 2014
Mães com bebês de colo, pais tomando conta de crianças serelepes, educadores, jovens e idosos. Levando seu nome ao pé da letra, a Ciranda de Filmes juntou pessoas diversas com um interesse em comum: debater a infância e propor ações para melhorar a aprendizagem de crianças de zero a sete anos.
Em uma sala do Cine Livraria Cultura, na região central de São Paulo, a roda de conversa “Espaços de Aprendizagem e educação” esgotou os lugares disponíveis e discutiu um aprendizado onde todos são produtores de saberes. Ao mesmo tempo, crianças brincavam e bebês curiosos perambulavam pelo palco.
Com encerramento previsto para hoje (3/4), a Ciranda de Filmes foi a primeira mostra de cinema com foco em educação e infância realizada no Brasil. Desde o dia 31/3, foram exibidos mais de 30 filmes divididos em três eixos: Nascimento e Infância, Espaços de Aprendizagem e Movimentos de Transformação.
Presente na roda de conversa, o Portal Aprendiz selecionou os principais trechos citados pelos debatedores. Confira!
Maria Amelia Pereira (Péo) – Pedagoga, fundadora do Centro de Estudos Casa Redonda (Carapicuíba/SP) e vice-presidente do Instituto Brincante
As crianças apontam o nosso futuro. Cada criança é um grande mistério da vida, com todas as possibilidades de trazer uma nova dimensão à espécie humana. Elas são pequenos poetas, um mistério se revela a cada dia diante delas. Tenho contato diário com as crianças e sempre aprendo uma coisa nova. O ser humano é um aprendiz nato, nós nascemos pra crescer e evoluir. O trajeto humano se inicia na criança, no qual a linguagem do brincar é a primeira, trabalhando a imprevisibilidade e a alegria. O brincar pertence à alma e à essência do ser humano. Por isso um espaço de aprendizagem para a infância não pode abdicar da natureza. Eles precisam de um espaço onde o tempo sem tempo possa ocorrer. O tempo da criança é infinito, sem pressa.
Marcos Ferreira Santos – Pedagogo, folclorista e arte-educador, coordenador do Lab_Arte (Laboratório experimental de arte-educação e cultura – FEUSP)
A escola é um atrapalho pra gente. A vida fora dela é muito mais interessante para a criança, que tem na brincadeira a sua principal forma de aprendizagem. Quando as experiências vão além da grade curricular, as crianças conseguem carregá-las pelo resto da vida.
Stela Barbieri – Artista plástica e curadora educacional da Fundação Bienal de São Paulo
Aprendizagem na infância é uma mistura entre deixar ser e ajudar a ser. O educador tem esse papel. É o sonho o que nos move, e os educadores têm sempre que pensar nisso. Senão entramos no rolo compressor do dia a dia que corrompe nossa alma. Nada pode ser um empecilho para nossa função de educador. A educação serve para que a vida seja muito mais interessante que a educação. É a vida que interessa. O papel do educador é de reconciliador com a vida. Como fazemos para que seja gostoso estar vivo, e não insuportável? É alimentando o que é vivo, é se reeducando e se reconectando com a potência da vida e com os afetos.