publicado dia 9 de janeiro de 2014
De acordo com a ONU, em 2013 existiam 232 milhões de migrantes internacionais – pessoas que não vivem em seu país de origem. Desse total, 940 mil se encontram no Brasil, segundo a Polícia Federal.
Tendo em vista essas minorias étnicas – provenientes tanto de países vizinhos, como Bolívia e Argentina, como de lugares distantes, como Japão e Espanha – foi criado o Observatório das Migrações Internacionais, lançado no final de 2013 em uma parceria entre o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Universidade de Brasília (UnB).
O projeto nasce com a missão de aprofundar o conhecimento sobre o fenômeno migratório que acontece no país e, com base nos resultados alcançados, pretende definir, executar e avaliar políticas públicas destinadas à temática.
“O Brasil está em processo de atualização das políticas migratórias. Esse debate precisa ser o mais amplo possível, para que possamos apontar estratégias para a inovação social de políticas públicas que vejam esta questão como um valor agregado para o desenvolvimento do país”, declarou o coordenador do Observatório, Leonardo Cavalcanti, professor do Centro de Pesquisa e Pós-graduação sobre as Américas (CEPPAC-UnB).
Fluxos migratórios
Dados do Censo de 2010 confirmam que o fluxo migratório brasileiro vêm crescendo nos últimos anos. Se no ano 2000 foram registrados pouco mais de 55 mil novos estrangeiros no país, em 2010 esse número chegou a 93.889 mil pessoas.
Entre o período de 2005 e 2010, o total de imigrantes internacionais – que inclui estrangeiros e brasileiros que moraram fora e voltaram para o Brasil – foi de 268.486 pessoas, quase 87% maior ao número registrado entre 1995 e 2000 (143.644).
Para Cavalcanti, a crise econômica mundial de 2008 gerou uma complexidade maior nos eixos de deslocamento das migrações sul-americanas. “Além disso, o desenvolvimento econômico e social do Brasil e o seu reposicionamento geopolítico nos últimos anos têm tornado o fenômeno migratório muito mais diverso”, avalia o coordenador.
“Os pesquisadores observam que esses fluxos mais recentes têm tido maior visibilidade no discurso político, midiático e acadêmico, como o caso dos haitianos, que começam a fazer parte de uma presença permanente da imigração no país.”
Diversidade em sala de aula
O Observatório coordenará grupos e centros de pesquisa especializados em migração internacional, com o objetivo de estabelecer uma rede acadêmica sobre esses estudos. Contudo, a ideia de Cavalcanti não é permanecer apenas na academia, mas levar os conhecimentos para a sala de aula das escolas. “Quem constrói a educação deve observar o fenômeno migratório como um elemento que enriquece o horizonte educativo das escolas brasileiras”, afirma Cavalcanti.
Para ele, garantir formação continuada aos imigrantes trabalhadores e educação aos seus filhos e filhas é um dos pilares fundamentais para haver igualdade de oportunidades. “Uma escola que tenha um corpo docente preparado para tratar a questão da diversidade e fazer das diferentes origens geográficas, culturais e sociais um rico instrumento no processo de ensino-aprendizagem é crucial para o sucesso desse processo”.
Seleção de pesquisadores
Recém lançado, o Observatório está em busca de pesquisadores. Os candidatos deverão ter domínio de técnicas de pesquisa em Ciências Sociais e/ou participação em projetos científicos relacionados com as migrações internacionais – ou temas afins, como gênero, minorias, multiculturalidade, desenvolvimento, direitos humanos e acesso à justiça. No total, serão contratados 12 pesquisadores, que receberão auxílio financeiro em valores entre R$ 800,00 e R$ 3.200,00 para realizar atividades de pesquisa em Brasília.
Clique aqui para obter mais informações sobre a seleção de pesquisadores para o Observatório das Migrações.