A Aprendizagem Criativa pode ser entendida como uma transformação pessoal a partir da conquista de novas habilidades e conhecimentos que ocorre através do engajamento direto na realização de projetos particulares ou coletivos que sejam genuinamente relevantes para os envolvidos. A Aprendizagem Criativa tem sido defendida e divulgada particularmente pelos pesquisadores do Lifelong Kindergarten do MIT Media Lab a partir da teoria do Construcionismo de Seymour Pappert.
De acordo com Mitchel Resnick (MIT Media Lab), os quatro elementos fundamentais de uma experiência de aprendizagem criativa são*:
Projetos: As pessoas aprendem melhor quando estão trabalhando ativamente em projetos que sejam significativos para elas – gerando novas ideias, criando protótipos e aperfeiçoandoos uma e outra vez.
Parcerias: O aprendizado é mais frutífero quando inserido em um contexto social, quando pessoas compartilham ideias, colaboram em projetos e quando cada um constrói a partir do trabalho do outro.
Paixão: Quando as pessoas participam de projetos que são realmente importantes para si, elas trabalham com mais dedicação, persistem frente aos desafios e aprendem mais ao longo do processo.
Pensar brincando?: aprender envolve experimentação – tentar coisas novas, explorar materiais, testar fronteiras, correr riscos e fazer muitas vezes de diferentes formas.
*tradução livre do texto “Give P`s a chance: Project, Peers, Passion and Play”
A aprendizagem criativa pode ser promovida nas salas de aula, dentro da escola ou em tantos outros espaços potencialmente educativos. Entre eles, também a rua. Situações vivenciadas no espaço público podem desencadear projetos preciosos para a comunidade, engajando os estudantes em parcerias inusitadas, mobilizando-os a partir de seus interesses e paixões. Estes projetos costumam requisitar explorações múltiplas e invenções que acabam propiciando às crianças e aos jovens oportunidades de viver e de reinventar a própria cidade.
O Currículo na Rua
A rua, espaço de todos, é por excelência um ambiente significativo para situações de ensino e aprendizagem transdisciplinares. Na rua, as diferentes linguagens comparecem em pleno acontecimento, sem intenções necessariamente didáticas.
Natureza, topografia, palavras, textos, números, construções e manifestações artísticas convivem organicamente. A apreciação de todo esse contexto com lentes investigativas, que busquem desvendar o entorno, seu funcionamento, causas e consequências, pode originar projetos educativos instigantes, capazes de engajar as crianças e os jovens não somente na aquisição de conhecimentos, mas também na resolução de questões relevantes que se apresentam no cotidiano de seu bairro e de sua cidade. Assim, a rua oferece experiências autênticas que podem contribuir para a formação de cidadãos a partir da perspectiva da educação integral.
Essa proposta do currículo na rua através da abordagem da aprendizagem criativa vai ao encontro também do Estatuto da Criança e Adolescente. Nessa lei 8.069, de 13 de julho de 1990, no seu capitulo II, do Direito à Liberdade, ao respeito e à dignidade, no artigo 16 é explicitado que o direto à liberdade compreende entre outros aspectos, ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários. A criança e o jovem ocupando o espaço público com autonomia se transforma e também tem o potencial de transformá-lo. A partir do momento que conhecem melhor o entorno em que vivem ampliam as oportunidades para que criem algo que seja importante para si e sua comunidade.
Lembramos aqui as considerações de Jaume Martínez Bonafé: “Há uma prática cultural que gera significados, formas de subjetivação e formas de entender o mundo e de compreender-se nele que têm a ver com as experiências vividas na cidade. Minha proposta de trabalho parte da cidade como currículo. Portanto, teríamos que analisá-la como formadora de práticas, experiências, relações e materialidades que vão articulando uma forma de entender a cultura e de se entender como parte dela.” (trecho de entrevista dada para o Portal Aprendiz)
O Instituto Catalisador
Nossa missão é contagiar um número significativo de educandos e educadores que, através de experiências de aprendizagem criativa, podem se tornar sujeitos autores de seus próprios percursos e agentes de transformação individual e social.