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As juventudes na linha de frente pela justiça climática no Brasil e no mundo

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Na luta pelo direito a um meio ambiente preservado para todas as pessoas, adolescentes e jovens não podem estar sozinhos ; conheça suas reivindicações

Reportagem: Ingrid Matuoka | Edição: Tory Helena

Resumo: Conheça as ações e demandas de juventudes por todo o mundo na luta por justiça climática e entenda por que a responsabilidade por um futuro melhor não pode depender só das novas gerações.
Logo do Especial Racismo Ambiental e Infâncias

A primeira vez em que Greta Thunberg se sentou em frente ao parlamento sueco com seu cartaz que dizia “Greve escolar pelo clima”, ela estava sozinha. Cinco anos depois, ao menos 14 milhões de pessoas, sobretudo jovens, de 7,5 mil cidades de todos os continentes, se somam a ela na luta por justiça climática.

A contagem leva em consideração apenas os membros do movimento Fridays For Future, iniciado por Greta e liderado por crianças e jovens, que exigem ações imediatas de seus líderes e organizações para frear a crise climática. Eles propõem, por exemplo, a redução do consumo, diminuição da emissão de gases tóxicos e uso de fontes de energia renováveis.

“Muitos perguntam por que milhões de crianças e adultos em todo o mundo estão dedicando tempo à greve; eles não têm escola, trabalho ou outras responsabilidades? A resposta é simples: nós fazemos greve porque não temos escolha. Estamos lutando por nosso futuro e pelo futuro de nossos filhos. Nós protestamos porque ainda há tempo para mudar, mas o tempo é essencial. Quanto mais cedo agirmos, melhor será nosso futuro comum.”, diz um trecho do manifesto do movimento Fridays For Future.

No mundo, um bilhão de crianças estão “extremamente expostas” aos impactos das mudanças climáticas. É o que indica o relatório A crise climática é uma crise dos direitos da criança: Apresentando o Índice de Risco Climático das Crianças, lançado pelo Unicef em agosto de 2021. Nesta reportagem, detalhamos os impactos da crise para as infâncias e adolescências.

Por todos os países, as juventudes se mobilizam para exigir seus direitos e reparar os danos que já sentem à sua vida e seu entorno. Por sofrerem as consequências de decisões que não tomaram, uma das principais reivindicações dos movimentos é a participação política.

Em Moçambique, por exemplo, a Plataforma Juvenil para Ação Climática Ycac Moz luta para garantir a participação segura e efetiva de jovens nas decisões políticas. No Brasil, diversas iniciativas, a maioria lideradas por jovens e mulheres, também demandam participação nas políticas públicas, como planos municipais, estaduais e nacional capazes de atrelar juventude e meio ambiente. 

“A gente não se vê na política e a política não vê quanto estamos sendo atingidos, quanto crianças e jovens são vulneráveis às mudanças climáticas”, diz Pedro Mota, 25, de Terra Firme, Belém (PA), e mobilizador de Juventudes pelo Clima na ONG MANDÍ e pesquisador na ONG COJOVEM.

Ele reforça que embora estejam na linha de frente na luta pelo clima, os adultos também precisam participar ativamente. “Somos a última geração que pode salvar a Amazônia, mas a responsabilidade é de todos”.

A luta pelo clima encampada pelos jovens tem ainda outra característica, de aliar o direito ao meio ambiente aos demais direitos sociais, para promover a justiça climática. Em Castanhal (PA), por exemplo, o Coletivo Miri se empenha em combater a degradação ambiental e preservar da memória cultural dos povos da Amazônia. Conheça estas e outras iniciativas de jovens brasileiras que lutam por justiça climática.

Tais iniciativas são importantes e desejáveis, mas há que se ter cuidado para não responsabilizar as juventudes por encontrar saídas para um problema que demanda ação coletiva, principalmente de adultos e de quem ocupa os espaços de tomada de decisão. Inclusive porque os impactos da crise climática se estendem até a saúde mental, o que especialistas vêm chamando de ansiedade climática.

Manifestação do Coletivo Miri em Castanhal (PA) pela conscientização da importância dos igarapés para o meio ambiente | Crédito: Thalya Souza

Além da participação política ativa, os movimentos também produzem ciência, ações em seus territórios, pedem por educação ambiental nas escolas e adaptações climáticas que tenham as juventudes como foco. Pedro, que também é mestrando em Geografia pela Universidade do Estado do Pará (UEPA) e coordenador e professor do Curso Popular TF Livre, explica:

“Quando falamos de mudanças climáticas, falamos de pessoas. Pessoas que já estão sofrendo esses impactos diretamente, principalmente em territórios periféricos. Não tem como voltar no tempo e corrigir o que já foi, então temos que pensar o que fazer daqui para frente para que os jovens possam viver uma vida melhor dentro desse cenário de violências”.

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