Reportagens

22 materiais sobre crise climática e racismo ambiental para estudar e compartilhar com os mais novos

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Confira uma série de livros, vídeos, cursos e outros materiais para saber tudo sobre crise climática, racismo ambiental e outros temas afins

Resumo: Conheça 22 livros, vídeos, cursos e outros materiais que explicam o que é a crise climática, suas causas, efeitos e caminhos para enfrentá-la. A lista também entrelaça o tema aos conceitos de racismo e justiça ambiental, indispensáveis se a luta por um mundo habitável for para todos e todas.
Logo do Especial Racismo Ambiental e Infâncias

Tempestades desproporcionalmente intensas, mudanças nos padrões do clima local, alagamentos e furacões onde nunca foram vistos antes. Tudo isso torna o tema da crise climática incontornável. 

Mas por onde começar? Como nos educar sobre essa teia complexa que envolve desde causas como a extração desenfreada de recursos naturais até consequências que resultam em violações de direitos de comunidades inteiras? E como levar isso para as escolas e comunidades?

O Educação & Território preparou uma lista de materiais essenciais que passa pelo pensamento afro-pindorâmico e confluente de Antônio Bispo dos Santos até as críticas afiadas de Greta Thunberg. São livros, vídeos e guias que trazem dados científicos, questões políticas e conhecimentos ancestrais, capazes de reformular nossa visão de mundo e nos preparar para a ação.

No cerne, elas denunciam problemas atuais e anunciam possibilidades de mundo em que o respeito mútuo entre todos os seres vivos e onde há espaço e dignidade para todos é possível. Confira a lista abaixo:

Livros

O decênio decisivo: propostas para uma política de sobrevivência, por Luiz Marques (Editora Elefante)

“Vivemos o último decênio em que mudanças estruturais em nossas sociedades podem ainda atenuar significativamente os impactos do processo de colapso socioambiental em curso”, diz Luiz Marques, sociólogo, historiador e professor na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na obra que é um convite à ação para evitar que a Terra passe de um “ponto de não retorno”. 

Ao longo de três partes, o livro, lançado em parceria com a Ação Educativa e o Coletivo 660, traz uma série de dados e informações que explicam a crise ambiental por todos os ângulos, de forma detalhada e acessível.

A primeira analisa o sistema alimentar, a crise animal e vegetal, o uso de agrotóxicos, a fome e os ataques às populações que protegem a floresta Amazônica.

A segunda parte avalia o sistema energético, a urgência de uma transição energética, a aceleração do aquecimento e discussões em torno de efeitos que já podem ser notados e a capacidade da própria natureza lidar com essas consequências.

A terceira, olha para as desigualdades socioeconômicas, a intensificação de tensões geopolíticas e a necessidade de superar o capitalismo para combater a crise climática. 

O livro termina em tom de esperança, no sentido freireano de agir, com propostas de política de sobrevivência. Entre elas, a redução das desigualdades e do consumo, a extensão da noção de sujeito às demais espécies, à biosfera e às paisagens naturais, desmantelamento da economia global e transição para uma civilização descarbonizada.

Racismo Ambiental e Emergências Climáticas no Brasil, organizado por Mariana Belmont (Instituto de Referência Negra Peregum)

Você sabe o que é racismo climático? O termo ajuda a explicar porque populações negras e periféricas no Brasil são desproporcionalmente mais afetadas por enchentes, deslizamentos e outros fenômenos climáticos extremos. 

Disponível gratuitamente para download, o livro foi organizado pela jornalista e ambientalista Mariana Belmont a partir da escrita coletiva de 17 pesquisadores e especialistas no tema.

“O debate fundamental de racismo ambiental ainda não encontra ampla adesão, ou é negado, pelos movimentos ambientalistas no Brasil, assim como falta racializar as políticas públicas ambientais. Como resultado, temos a falta de segurança ambiental aos territórios urbanos e rurais de maioria populacional negra, impactada pela expropriação, poluição hídrica, atmosférica, pelos eventos climáticos extremos, pela morada em áreas de risco, pelo despejo de resíduos, pelo não acesso aos serviços de saneamento básico, impactados pelas enchentes, deslizamentos, doenças de veiculação hídrica, entre outros”, diz trecho do livro.

A terra dá, a terra quer, por Antônio Bispo dos Santos (Ubu Editora)

Combater a crise climática, efetivamente, depende de mudar a forma de ver e de viver a vida, e de se relacionar com outros seres vivos, sobretudo das pessoas que vivem nas cidades, que o autor define como “estruturas colonialistas”.

Para convidar as pessoas a olhar para o território por outras lentes, Nêgo Bispo, como também é conhecido o autor, conta sobre sua experiência no Quilombo Saco Curtume, na Caatinga piauiense. 

Ao mesmo tempo, propõe um movimento de contracolonização, de confluência, em que o pensamento “afro-pindorâmico” forma um mundo “diversal”, em que há respeito e espaço para todos os ecossistemas, idiomas, espécies e reinos. No livro, usa esses conceitos para refletir sobre alimentação, arquitetura, ecologia, clima e trabalho.

“Existem modos de vida fora da colonização, mas política, não. Toda política é um instrumento colonialista, porque a política diz respeito à gestão da vida alheia. Política não é autogestão. A política é produzida por um grupo que se entende iluminado e que, por isso, tem que ser protagonista da vida alheia”, diz o autor. 

Ideias para adiar o fim do mundo, por Ailton Krenak (Companhia das Letras)

“Recurso natural para quem? Desenvolvimento sustentável para quê? O que é preciso sustentar?”, questiona o ativista indígena em sua obra que denuncia o modo de viver que separa os humanos da natureza e a fragilidade de alguns discursos de sustentabilidade que não levam em conta os direitos dos povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Ao mesmo tempo, Krenak anuncia outros modos de encarar as humanidades e suas relações com o solo em que pisam – de cimento ou de terra.

“Excluímos da vida, localmente, as formas de organização que não estão integradas ao mundo da mercadoria, pondo em risco todas as outras formas de viver – pelo menos as que fomos animados a pensar como possíveis, em que havia corresponsabilidade com os lugares onde vivemos e o respeito pelo direito à vida dos seres, e não só dessa abstração que nos permitimos constituir como uma humanidade, que exclui todas as outras e todos os outros seres.”, diz um trecho do livro.

Futuro Ancestral na Escola, por Porvir

Inspirado na obra Futuro Ancestral, de Ailton Krenak, o Porvir elaborou um livro digital gratuito com conceitos, reflexões, dicas e materiais para abordar as questões ambientais com as turmas da Educação Infantil ao Ensino Médio tendo como centro os conceitos de justiça climática e racismo ambiental. 

O documento é divido em três partes: Por que falar sobre justiça climática e racismo ambiental na escola?; Como os saberes ancestrais nos ajudam a construir um futuro possível?; e Dicas para educadores. 

“Eu sempre falo que a gente sofre tanto com as causas quanto com as consequências do clima. Quais são as causas? O desmatamento, as queimadas, o garimpo ilegal. E onde essas coisas acontecem? Elas acontecem em muitos dos nossos territórios. Isso afeta diretamente as nossas vidas.”, diz Txai Suruí, guerreira indígena do povo Paiter Suruí, coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental – Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia, no documento.

O Livro do Clima, por Greta Thunberg (Companhia das Letras)

A crise climática é grave, mas não está tudo perdido. Nesta obra, mais de cem especialistas ― geofísicos, oceanógrafos, meteorologistas, engenheiros, economistas, matemáticos, historiadores, filósofos e líderes indígenas ― compartilham com a ativista ambiental sueca conhecimentos e práticas para conter a crise.

Greta também denuncia táticas falsamente sustentáveis, conhecidas como greenwashing, em todo o mundo, e conta suas histórias de protesto. No vídeo abaixo, ela fala mais sobre o livro:

Clima e Direitos Humanos – Vozes e ações, por Conectas

O e-book gratuito é composto por uma coletânea de artigos sobre questões climáticas e direitos humanos. Há um relato de Sonia Guajajara, entrevistas com Nego Bispo e Ailton Krenak, e outras reflexões acerca de justiça climática e os direitos das crianças.

Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho, por Malcom Ferdinand (Ubu Editora)

O racismo, por ser estrutural, se manifesta em todas as dimensões da vida em sociedade: na Educação, Saúde, Cultura, nas legislações e, também, no meio ambiente, área em que é nomeado racismo ambiental.

Este é o cerne da obra do autor martinicano, com prefácio de Angela Davis, que expõe o que chama de “dupla fratura colonial e ambiental da modernidade”. 

Isto é, por um lado, as teorias ecologistas desconsideram o legado do colonialismo e da escravização e, por outro, os movimentos sociais e antirracistas negligenciam a questão animal e ambiental. Ferdinand propõe, então, uma abordagem interseccional que une o ecológico ao pensamento decolonial, antirracista, em uma crítica ao “habitar colonial da Terra”.

Crise Climática e o Green New Deal Global, por Noam Chomsky e Robert Pollin (Editora Roça Nova)

Por meio de perguntas e respostas, Noam Chomsky, ativista político e ambiental, e Robert Pollin, economista que atua em defesa de uma economia verde e igualitária, explicam os desafios e possibilidades para enfrentar a crise climática.

A obra aborda como líderes e grandes empresas encaram a tarefa urgente de baixar as emissões de carbono até 2050, como prevê o Acordo de Paris, e o conjunto de consequências caso a média de temperatura global suba mais que 1,5 ºC  até o fim do século.

Banzeiro òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo, por Eliane Brum (Companhia das Letras)

Desde que a construção da hidrelétrica de Belo Monte na cidade de Altamira (PA) começou a ser discutida, até efetivamente fazer todo um território virar água, a escalada de violências e devastação, bem como de luta e resistência, não cessa. 

A jornalista que mora na região retrata os impactos das ações de uma minoria dominante sobre a natureza e diversas pessoas, que acaba por se revelar uma síntese de todo o Brasil desde os tempos coloniais.

Vídeos e documentários

O amanhã é hoje – O drama de brasileiros impactados pelas mudanças climáticas, por Povos Indígenas do Brasil, Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental

O documentário, filmado em 2018, conta histórias de brasileiros como Celiana Cypcwyk Krikati, que viu 60% do seu território indígena ser engolido por fogo, de como o calor excessivo acabou com o negócio de Leonardo Cabral, e de como o aumento do nível do mar obrigou Tatiana Mendonça Carvalho a abandonar sua comunidade. 

A proposta da obra é mostrar como os impactos no meio ambiente dizem respeito a todos os seres vivos. “Nada nem ninguém escapa”, diz a sinopse.

O que é justiça climática e racismo ambiental?

Neste vídeo da BBC News Brasil, o conceito de justiça climática é explicado por meio de exemplos mundiais e brasileiros atuais de como os efeitos da crise climática impactam de maneira desproporcional os países menos desenvolvidos e as populações negras, indígenas, ribeirinhas e mais pobres.

Amanda Costa, ativista climática, fundadora do Perifa Sustentável e jovem embaixadora da ONU, explica neste vídeo o que é racismo ambiental e as vidas que ele fere. 

Para explicar a crise climática em menos de 5 minutos

De maneira direta e didática, este vídeo do Greenpeace explica o que é a crise climática:

Veja a mensagens de crianças aos líderes da COP28:

Para os estudantes mais novos, de 2 a 12 anos, esta outra produção pode ajudar:

Biólogo Jubilut discute o relatório mais recente do IPCC

O relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), de março de 2023, que alerta sobre a crise climática atual e seus efeitos devastadores no mundo, foi detalhado pelo biólogo Paulo Jubilut neste vídeo.

Além de explicar como o IPCC funciona, o professor traz exemplos de desastres recentes que aconteceram no Brasil e no mundo, sua relação com a crise climática e exemplos de como as cidades estão se adaptando às mudanças.

Multimídia

Ansiedade climática, por Vibes em Análise

Neste podcast, a convidada Ana Lizete Farias, que é doutora em meio ambiente e psicanalista, reflete sobre os impactos da crise climática para a saúde mental e o que há no meio do caminho entre uma postura negacionista e uma que só vê a catástrofe e pode gerar o que especialistas vêm chamando de ansiedade climática.

Projeto da NASA sobre crise climática

Um site especial da NASA, agência norte americana de exploração espacial, fornece dados atualizados sobre aquecimento global, níveis de metano e dióxido de carbono, aumento do nível do mar, entre outros. 

Além disso, possui uma série de reportagens sobre o tema e um projeto visual que mostra o antes e o depois de territórios ao redor do mundo que já mostram os impactos da crise. Na imagem abaixo, é possível ver o degelo acentuado na Groenlândia no intervalo de um ano.

Primeiros Passos: o consumo consciente é pra você também, por Instituto Akatu

Ainda que as políticas públicas, a agropecuária e as empresas desempenhem um papel central no combate à crise climática, os indivíduos também podem dar contribuições significativas no dia a dia.

O Instituto Akatu desenvolveu um guia digital com dicas, dados e orientações para práticas de consumo mais conscientes e sustentáveis com 10 passos simples que podem ser adotados cotidianamente. 

Cursos

Escola de Comunicação Antirracista realiza formação em racismo ambiental

O curso virtual retrata a tragédia anunciada da crise climática desde a Revolução Industrial até os dias de hoje e explica como e por quais motivos as populações negras e indígenas são desproporcionalmente atingidas. A formação possui oito aulas de 45 minutos e oferece certificado.

ONU oferece curso online e gratuito sobre mudança climática

A formação gratuita e introdutória, criada pela Organização das Nações Unidas, explica os principais aspectos básicos da mudança climática, desde a ciência da mesma até a governança. O curso contém 6 módulos, cada um podendo ser concluído em cerca de 2 horas, e oferece certificado.

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