Apenas conhecendo o território de atuação é possível valorizar os saberes e potencializar os ativos educativos ali presentes. É nesta perspectiva, e em meio a dinâmica das diversas ondas migratórias e identidades que compõem o bairro paulistano do Bom Retiro, que a Associação Cidade Escola Aprendiz executou o Projeto Integração Família – Rede Socioeducativa, visando fomentar um território educativo sob a perspectiva da valorização das identidades migrantes.
Conheça as principais estratégias utilizadas pelo projeto clicando AQUI.
Mas, afinal, como definir este território? “O Bom Retiro não pode ser considerado um bairro de um povo só”, responde o imigrante boliviano Jorge Gutierrez, morador da região há quase 30 anos. Jorge, assim como outros migrantes, nacionais ou internacionais, tornam o território um dos lugares mais cosmopolitas do Brasil.
Localizado na região central de São Paulo, o Bom Retiro possui 230 mil habitantes, o que corresponde a 2% da população do município. Considerado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) um bairro de multiculturalismo em situação urbana, o Bom Retiro apresenta equipamentos, cerimônias, locais e formas de viver que refletem a miscigenação presente.
Geograficamente, está situado entre os rios Tietê e Tamanduateí, no entorno da Estação da Luz e da Marginal Tietê, contando com ampla rede de transporte público e grande oferta de equipamentos culturais e infraestrutura.
O infográfico abaixo ilustra estas informações, extraídas do Diagnóstico Socioterritorial do Bairro-Escola:
História e ciclos migratórios
O processo de urbanização da região teve início nas últimas décadas do século 19. Assim como outros bairros da cidade de São Paulo, a chegada da linha ferroviária também é considerada um marco importante no desenvolvimento e povoamento local. Em 1867, foi inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo Railway, fundada por ingleses, sendo considerada a primeira linha ferroviária de São Paulo (hoje chamada Santos-Jundiaí). A linha férrea permitiu que novos empreendimentos começassem a se instalar na região.
Os ciclos migratórios do bairro incluem também a primeira Hospedaria de Imigrantes, que recebeu grande número de italianos e judeus advindos da Rússia, Lituânia e Polônia, na década de 60. No entanto, coreanos e gregos foram os responsáveis pela principal onda migratória do bairro, que mais recentemente – a partir da década de 80 – passou a abrigar grande número de migrantes regionais, com predominância de bolivianos.
O bairro pelo olhar dos moradores
Para além dos números e histórico, o reconhecimento do bairro paulistano do Bom Retiro pressupõe a compreensão da percepção e vivência reveladas pelos múltiplos olhares de seus moradores. Isto porque a região, enquanto espaço urbano produzido socialmente, é também reflexo de como vivem seus habitantes e do modo como estes a percebem.
No mini documentário abaixo, realizado em parceria com o Instituto Criar de Tv, Cinema e Novas Mídias, depoimentos de diferentes moradores dão voz e contorno para as particularidades e identidades coexistentes no Bom Retiro.